Lúpus

Lupus Eritematoso Sistêmico (= LES ou Lúpus) é rotulado como o "grande imitador”. Por quê? Porque, devido sua grande variedade de sinais e sintomas, pode ser confundido com muitas outras doenças. Além disso, a doença pode variar bastante de um paciente para outro, podendo ser leve em alguns (ex, afetando só a pele), ou mais complexa em outros (ex: acometendo as articulações, os rins, as células do sangue, etc). E pode, nos casos mais graves, até mesmo ser fatal. No entanto, há muitos motivos para se ter esperança! Melhorias no tratamento tem aumentado significativamente a qualidade e a expectativa de vida dos pacientes.

Rapidinhas...
  • Lúpus é uma doença pouco frequente (40 a 50 pessoas em cada 100.000 habitantes)
  • Lúpus afeta 10 vezes mais mulheres do que homens.
  • O tratamento depende dos sintomas e sua gravidade.

O que é Lúpus?

Lúpus é uma doença inflamatória crônica que pode afetar a pele, as articulações, os rins, os pulmões, o sistema nervoso, além de outros órgãos do corpo. A maioria dos pacientes tem manchas na pele e artrite (inflamação nas “juntas”), assim como cansaço e febre. Podem sofrer “ataques“ leves a graves, além de passar por períodos de “calmaria”, quando a doença fica “silenciosa” (quando chamamos de remissão).


O que causa o Lúpus?

As células do Sistema Imunológico normalmente protegem o organismo, produzindo anticorpos que atacam germes estranhos. No Lúpus, há falhas na ativação dessas células que, em vez de produzir anticorpos protetores, começam a produzir "auto-anticorpos", ou seja, que atacam os tecidos do próprio corpo. O real motivo que desencadeia esse processo ainda não é bem conhecido. É provavelmente o resultado de uma combinação de tendências hereditárias e fatores ambientais (tais como vírus, os raios ultravioleta da luz solar, medicamentos).




Quem desenvolve Lúpus?
Lúpus tipicamente se desenvolve em pessoas entre os 20 e 30 anos; e é 10 vezes mais frequente em mulheres que em homens. É mais comum em certos grupos étnicos, em especial negros e asiáticos.

Como o Lúpus é diagnosticado?
O diagnóstico do lúpus é difícil. Os casos suspeitos devem ser confirmados por uma série de exames de sangue. O mais importante teste (FAN) mede alguns anticorpos intracelulares, e é positivo em praticamente todos os pacientes com Lúpus (porém, também está frequentemente presente em indivíduos saudáveis - até 35% acima dos 65anos). Outros tipos de anticorpos podem auxiliar no diagnóstico, e até mesmo sinalizar um risco aumentado de complicações específicas, como aborto e/ou coágulos de sangue, que podem levar à lesão pulmonar e até mesmo derrames (AVCs). Frequentemente utilizamos a atualização de 1997 dos Critérios do Colégio Americano de Reumatologia (ACR) como auxílio para considerar se um paciente pode ter lúpus. Porém, há muitas manifestações no lúpus que não estão listados nesses critérios. Portanto, um reumatologista deve usá-los apenas como um ponto de partida. Os sintomas podem desenvolver-se de forma gradual e em momentos diferentes, tornando o diagnóstico difícil.

Como o Lúpus é tratado?

Não há cura para o Lúpus, e o seu controle pode ser um desafio. No entanto, atualmente temos muitos medicamentos eficazes. As decisões de tratamento são baseadas nos sintomas e na gravidade desses sintomas. Pacientes com dores musculares ou articulares, cansaço, alterações da pele podem ser tratados de forma conservadora. Essas opções incluem antiinflamatórios não-esteróides (AINE) e medicamentos antimaláricos como a hidroxicloroquina. Aqueles com risco de vida e problemas graves (como inflamação no pulmão, rim ou comprometimento cardíaco e sistema nervoso central) tem necessidade terapêutica mais agressiva. Isso pode incluir doses elevadas de corticoesteróides como a prednisona e outras drogas que suprimem o sistema imunológico, como metotrexate, azatioprina e ciclosporina . Recentemente o micofenolato mofetil está sendo utilizado para tratar alguns casos de doença renal do lúpus.

O tratamento depende de uma avaliação individual de riscos e benefícios. Quando determinado medicamento está indicado, é porque seus benefícios superam os riscos, mas podem causar efeitos colaterais, como aumento do risco de infecções, náuseas, vômitos, perda de cabelo, diarréia, pressão alta, etc. Se a remissão da doença for atingida, os medicamentos podem ser gradualmente reduzidos; mas para isso, é fundamental uma cuidadosa avaliação médica de sintomas e exames, lembrando que ajustes na medicação podem ser necessários.
Ensaios Clínicos para avaliar novos tratamentos estão sempre sendo realizados, com a esperança de que drogas mais promissoras sejam identificadas e mais amplamente disponíveis. Algumas dessas novas opções de tratamento incluem medicamentos que já estão em uso para outras doenças, chamadas imunobiológicos. Esta é uma área de investigação importante.

Vivendo com lúpus
Mesmo quando não está ativo, o lúpus pode causar problemas mais tarde. Um desses problemas é acelerada Aterosclerose (entupimento das artérias), que aumenta o risco de ataques cardíacos e outros eventos cardiovasculares, como insuficiência cardíaca e AVCs. Por isso, é fundamental que pacientes com lúpus controlem fatores de risco como tabagismo, pressão alta, colesterol alto. Lúpus também pode causar doenças renais que podem evoluir para insuficiência renal e necessidade de diálise - isto pode ser evitado pelo tratamento precoce aos primeiros sinais de doença. E embora o tratamento tenha melhorado, ainda é uma doença crônica e pode ser limitante! Frequentemente fadiga e dores no corpo atrapalham a qualidade de vida. Além disso, a imprevisibilidade do Lúpus e a necessidade de monitoramento frequente podem levar à perda de esperança... e os pacientes podem perder a vontade de continuar lutando.

A melhor maneira de controlar o Lúpus:
  • Mantenha um bom relacionamento médico-paciente. Não esqueça da importância do apoio dos familiares e amigos.
  • Tome todos os medicamentos prescritos, visite seu médico regularmente, e aprenda o máximo que puder sobre o lúpus, a sua medicação, e seu progresso. Envolva-se em seus cuidados.
  • Fique ativo. Isso geralmente ajuda a manter as articulações flexíveis e estáveis, além de poder evitar complicações cardiovasculares. Isso não significa exagerar, a melhor abordagem é exercício leve a moderado, com períodos de descanso e relaxamento.
  • Evite o sol! A luz ultravioleta pode causar irritação da pele, e ainda pode provocar um sério agravo doença sistêmica. Use roupas protetoras (mangas longas, um grande chapéu de aba) e protetor solar 3-4 veses por dia. Lembre que lâmpadas e computadores também emitem luz ultravioleta...

As mulheres jovens com Lúpus que desejam ter bebê devem planejar cuidadosamente a sua gravidez. Com a orientação do médico, a gravidez deve ser programada para um período quando a atividade do lúpus é baixa. A gestação deve ser cuidadosamente monitorada e algumas medicações evitadas. Mulheres cuja doença está muito ativa, ou que estejam tomando medicamentos nocivos, deverão utilizar métodos eficazes para controle da natalidade.