Dor articular x Artrite
Inicialmente é necessário dizer que Artrite gera dor articular, mas nem toda dor articular é Artrite. A articulação, mais popularmente conhecida como “junta”, forma a dobradiça entre um osso e outro, possibilitando os movimentos (fechar a mão, dobrar o braço, esticar a perna). Para que funcione normalmente é necessário um líquido lubrificante (como se fosse o óleo de uma dobradiça), produzido localmente pelas células da membrana que a revestem (chamada sinóvia). Se a dor é proveniente de inflamação de dentro da articulação, chamamos de Artrite. Se a dor é proveniente do lado de fora da articulação (estruturas ao redor como músculos, tendões, ligamentos, cistos, nervos), chamamos apenas artralgia (=dor articular). Diferenciá-los é uma peça fundamental para o correto diagnóstico do problema, e isso só é possível com uma boa conversa médico-paciente e exame físico. Veja também o artigo Artrite ou Artrose.
Feito isso, é preciso discutir as causas da Artrite, pois várias doenças podem causá-la: infecções, traumas, doenças endócrinas e metabólicas, tumores, medicamentos. Mas quando falamos em Artrites, principalmente se ocorrer em mais de uma “junta”, principalmente nas mãos, com sinais sugestivos de inflamação, logo vem a mente a forma mais comum das Artrites Autoimunes: Artrite Reumatóide!
ARTRITE REUMATÓIDE
Rapidinhas:
- É a forma de Artrite mais comum desencadeada pelo Sistema Imune
- Está presente em 1% da população
- Afeta mais mulheres – 75% dos casos
- Mais comum entre os 40 e 60 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade
- Os reumatologistas são os médicos habilitados para diagnosticar e tratar corretamente essa doença, oferecendo os melhores tratamentos.
O que é Artrite Reumatóide (AR)?
AR é uma doença crônica que causa dor, rigidez, inchaço e limitação nos movimentos articulares. Enquanto pode afetar qualquer “junta”, as pequenas articulações das mãos e pés são envolvidas mais frequentemente. A doença pode também afetar órgão internos nas formas mais graves...
O que causa Artrite Reumatóide?
AR é uma doença classificada como autoimune, que acontece porque algumas células do nosso sistema de defesa não funcionam adequadamente e “atacam” as articulações, causando deformidades e perda dos movimentos com o passar do tempo.
Artrite de punho |
As pesquisas revelam que existe um componente genético que predispõem algumas pessoas a ter essa doença, além de alguns fatores ambientais também estarem relacionados, como tabagismo e obesidade. Portanto, não é uma doença contagiosa!
Como é tratada a Artrite Reumatóide?
O tratamento da AR evoluiu muito nos últimos anos. Sempre devemos buscar a ausência de inflamação articular o mais rápido possível para evitarmos a destruição articular! É importante enfatizar que não há uma única terapia eficaz para todos os pacientes, e a maioria acaba necessitando da combinação de medicamentos, alcançada de forma individual.
Corticóides e antiinflamatórios são usados com freqüência no início do tratamento para aliviar os sintomas, e suspensos assim que possível devido efeitos colaterais a longo prazo. São medicações que não impedem a progressão da doença, portanto, um paciente não pode ser considerado bem tratado quando usa apenas esses remédios.
Drogas modificadoras de doença (DMDs) são aquelas que impedem a progressão para a destruição articular. Esses medicamentos são considerados obrigatórios no tratamento de um paciente com AR. São eles o Metotrexato, Leflunomida, Sulfassalazina, Hidroxicloroquina, etc.
Nos últimos 10 anos, drogas chamadas Imunobiológicos deram uma nova perspectiva aos pacientes que não respondiam aos DMDs convencionais. Porém, ainda são medicamentos muito caros e apenas alguns estão disponíveis na Saúde Pública. O uso dessas medicações depende de vários critérios clínicos, laboratoriais e terapêuticos; portanto, não são a primeira escolha para o tratamento da AR, devendo ser reservado para pacientes não responsivos aos esquemas tradicionais.
Os pacientes com AR devem permanecer ativos, desde que a atividade física por si só melhora a dor. Além disso, a manutenção do tônus muscular diminui a sobrecarga articular. Ao contrário, quanto menos ativo for o paciente, menor tônus muscular, maior instabilidade e dor articular. Para isso, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas podem ser de grande valor.
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