domingo, 25 de março de 2012

Gravidez e Artrite Reumatóide

Sabe-se há muito tempo que a gravidez e o parto tem um profundo efeito sobre a atividade das doenças reumáticas, já publicados em 1938. Em pacientes com Artrite Reumatóide (AR), a doença melhora durante a gravidez em 2/3 dos pacientes, podendo piorar no pós-parto. O mecanismo desse fenômeno ainda é incerto, mas entende-se que a produção de anticorpos (defesa) da mulher diminui durante a gravidez, pois exite um feto a ser “tolerado” pelo sistema imune.  Após o parto, esse sistema se reestabelece, o que reflete-se no expressivo aumento na produção de anticorpos. Lembro que são esses mesmos anticorpos que causam a AR. O problema é como controlar essa doença durante a gradidez, se muitos dos medicamentos utilizados podem ser prejudiciais ao feto? Metotrexato e Leflunomida são drogas importantes no combate da artrite, mas contraindicadas na gravidez devido efeitos teratogênicos – devem ser retiradas meses antes da concepção (> 12 meses no caso da leflunomida). Os anti-inflamatórios podem ser usados até 30 semanas de gestação, podendo trazer sérios riscos acima desse período; são considerados seguros durante a amamentação.  A prednisona é considerada segura na gravidez e na lactação; não ultrapassar doses de até 15mg/dia. Deve-se evitar dexametasona e betametasona porque atravessam a barreira placentária trazendo efeitos adversos diretamente ao bebê. A sulfassalazina é considerada segura, apesar de alguns relatos observarem uma maior incidência de defeitos do tubo neural, fissuras orais e defeitos cardiovasculares; minimizados com a suplementação de folato. A hidroxicloroquina também é considerada segura, observação vinda de estudos em mulheres lúpicas que engravidaram usando esse medicamento. Sabe-se do risco aumentado para o feto com o uso da Azatioprina (Aza), mas o risco deve ser ponderado com os possíveis benefícios da droga. Um estudo dinamarquês, incluindo os resultados do parto de 76 gravidas expostas à Aza, mostrou um aumento do risco de parto prematuro e baixo peso ao nascer, mas nenhum aumento significativo de malformações congênitas; estudos recentes  mostram que o aleitamento parece seguro. Os resultados disponíveis sobre os imunobiológicos anti-TNF (infliximabe, adalimumabe e etanercepte) não indicam efeito teratogênico dessas drogas (observados em estudos de reprodução animal), mas dados de segurança em humanos ainda são insuficientes. Portanto, o tratamento de mulheres com AR que desejam engravidar envolve o desafio de manter a doença em remissão utilizando um número limitado de medicações permitidas na gestação e lactação.

5 comentários:

  1. disfosfato de cloroquina 250 é o mesmo que hidroxicloroquina ?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Os dois são medicamentos chamados antimaláricos (também usados no tratamento da malária), usados em diversos tipos de artrite e doenças autoimunes. Atualmente usa-se mais hidroxicloroquina 400mg (dose que equivale ao difosfato de cloroquina 250mg) porque tem menos efeitos colaterais, principalmente em relação aos olhos (lembro que é necessário uma avaliação anual com um oftalmologista para quem usa essas medicações. Att,

      Excluir
  2. engravidar tomando enbrel é perigoso?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O Enbrel (etanercepte) é um medicamento imunobiológico anti-TNF. Como descrito acima, ainda não há estudos que comprovem a segurança durante a gravidez; portanto, deve-se evitar a gestação durante o uso. Att,

      Excluir
  3. tenho artrite reumatoide e quero engravidar mas ja
    faz 2 anos que não vou ao reumatologista mas estou com medo de não da certo sem ter tratado antes tenho medo da artrite passar pro bebe

    ResponderExcluir